A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, presidida pelo deputado Chicão Goski (PP), reuniu representantes de várias entidades em audiência pública, na manhã desta quinta-feira (19), para discutir alternativas para a diversificação de culturas nas propriedades rurais destinadas à agricultura familiar. Segundo o parlamentar, será formado um grupo de trabalho para organizar a realização de audiências públicas em cada uma das regiões funcionais do estado. Estiveram presentes os deputados Altemir Tortelli (PT), Heitor Schuch (PSB), Aloísio Classmann (PTB) e Cassiá Carpes (PTB), além de representantes da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, do Banrisul, da Embrapa, da Emater, da Fepagro, da Afubra e da UERGS, entre outros.
O gerente técnico da Emater, Dulphe Pinheiro Machado Neto, apresentou dois temas a serem pensados: o da transição ecológica, com a redução do uso de agrotóxicos, e o da inclusão social no meio rural, de forma a reduzir a pobreza extrema. Também apontou a necessidade de alinhamento de políticas federais, estadual e municipais. O diretor-administrativo da Emater, Valdir Zonin, disse que, em 21 anos de trabalho no órgão, sempre se trabalhou com a diversificação de culturas, mas, mesmo assim, o êxodo rural persiste. Ele indicou dificuldades relacionadas a três aspectos: a legislação, a organização da produção e a comercialização.
A chefe da Divisão de Pesquisas da Fepagro, Bernadete Radin, relatou a situação atual da instituição. Disse que não há propriamente uma equipe, apenas pesquisadores atuando de forma isolada, mas que continuam sendo feitas parcerias que permitem as atividades. Informou também que foi feito um concurso no ano passado e que se espera um acréscimo de 172 funcionários, dos quais 48 serão doutores.
O representante da Embrapa Clima Temperado, Clênio Nailton Bitton, manifestou preocupação com problemas de segurança alimentar e o modelo de monocultura e de dependência de insumos. Hoje, segundo ele, o agricultor não produz mais o seu pão, nem as suas hortaliças. Enfatizou a necessidade de políticas públicas que integrem e estimulem o setor.
Representando a Embrapa Centro de Bento Gonçalves, João Caetano Fioravanço destacou a questão econômica que envolve a diversificação. Questionou como o agricultor vai diversificar ou trocar a cultura a que está habituado sem saber se terá lucro ou para quem irá vender. Disse que a diversificação envolve treinamento e assistência técnica."Não é só deixar de plantar alho e começar a plantar maçã”, exemplificou. Também o representante da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, Jorge Serbaro, abordou a questão do custo-benefício da diversificação para o agricultor.
O coordenador-geral da Afubra, Marco Antonio Dornelles, relatou parcerias que propiciaram a diversificação de culturas. Enfatizou, porém, que o agricultor precisa de renda para permanecer no campo e para que seus filhos também o façam. Ezio Gomes, da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, disse que, apesar das safras recordes registradas nos dias de hoje, perduram os problemas sociais e ambientais, como o esvaziamento do meio rural e a contaminação da água, do solo, do ar e dos alimentos.
O superintendente da Unidade de Negócios Rurais do Banrisul, Carlos Barbieri, informou que há uma nova orientação no banco em relação ao crédito rural. Segundo Barbieri, a instituição atende hoje a “pronafianos”, mas está mais voltada para o agronegócio. “A orientação agora é para nos voltarmos à agricultura familiar”, disse.
Marinella Peruzzo
Crédito da foto: Marco Couto / Ag. AL
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